mercredi, mars 23

A primeira vez

No Eurostar, o Shinkansen europeu.

E no Euro tunnel, o famoso buraco negro que une o impossível de unir.

Diga-se que o comboio em si é uma pequena desilusão. Apesar de todo a pompa do cais de embarque (com o Boarding Pass, o controlo raio X de bagagens, o cais dedicado, as dezenas de hospedeiras) e do tamanho impressionante do comboio (18 carruagens que parecem nunca mais acabar, principalmente porque o meu lugar era na primeira carruagem e tive que percorrer o cais quase todo!), o tuga-Alfa-Pendular fica a dever muito pouco a este. Aliás, tem bastante mais espaço nos lugares (neste aspecto sim, o Eurostar parece um avião), é bem mais barato, e sempre passam emissões antigas do Flash e entrevistas ainda mais antigas da Maria João Avilez. Ah, e sempre oferecem uns auscultadores para levar para casa (o quê? não são para levar para casa?).

Mas também é verdade que o Santa Apolónia – Campanhã das 18h10 não passa pelo Eurotunnel, um evento que eu próprio ia falhando já que assim que o comboio arrancou arrochei no meu lugar de anões, exausto do esforço do exame da manhã.

Felizmente acordei ainda em França, a tempo de ouvir o anúncio de que iríamos fazer a cueca ao Canal da Mancha (sim, dá direito a anúncio pelo altifalante e tudo! E se fosse em Portugal, estou certo que um forte aplauso se seguiria!).

A passagem em si foi... bastante entediante. Apesar da expectativa, não havia nada para ver. Foi como se estivéssemos 20 minutos num túnel qualquer! Quem diria!

Passei os 20 minutos a ler o Fever Pitch e quando voltamos à superfície, uma fantástica transformação tinha-se operado. Os carros guiavam pela esquerda, a paisagem era radicalmente diferente e, mais surpreendente ainda, era tudo inglês: vacas inglesas, árvores inglesas, estradas inglesas...

À chegada a Londres, tive uma sensação muito estranha, semelhante àquela que tive em Nova Iorque em Outubro. A sensação de que estava num filme, não porque houvesse muita acção à minha volta (que não havia), mas porque os cenários me pareciam extremamente familiares.

Apanhei o tube em direcção ao centro (£ 2, i.e. € 3, toma lá!) e esperei que a alma caridosa que me deu alojamento viesse ter comigo (obrigado Paula).

Hello London!





All aboard!!!